Muitas mulheres têm dúvidas sobre a sexualidade durante a gestação. Algumas, vão ter mais vontade de ter relações sexuais enquanto outras não. Isso acontece porque a sexualidade feminina não é linear como a masculina.
A obstetra Andrea Carreiro, da Casa Moara, explica que a sexualidade masculina é linear pois vem o desejo, com a manutenção do desejo vem a excitação e com a crescente excitação, eles chegam ao orgasmo. Com as mulheres, independente de estarem grávidas ou não, a sexualidade é diferente, mais complexa, ou seja, ela é cíclica.
“E nesse ciclo sexual, interferem os sentimentos, os medos, a auto-estima, o ambiente, o relacionamento, os problemas financeiros, o corpo, a felicidade, os hormônios, a lembrança de como foi a última relação… enfim, tudo pode interferir nesse ciclo sexual feminino de desejo (libido), receptividade, excitação e orgasmo”, comenta a médica.
Muitas vezes, o casal consegue manter as relações sexuais mesmo com a queda da
libido. “Se o casal estiver bem, se a grávida e o parceiro (a) compreenderem que ela está passando por uma grande transformação física e emocional, se mantiverem ambiente e relacionamento onde ela sinta que está segura, aconchegada, que receba o toque correto, provavelmente manterão a frequência das relações sexuais”.
O QUE MUDA COM A GESTAÇÃO
Andrea comenta que muitas gestantes sentem dores nas mamas devido ao aumento do tamanho mamário e ficam mais sensíveis na gestação. Nestes casos, a gestante sente desconforto quando a mama é tocada, o que exige do companheiro(a) o cuidado de tocá-la suavemente.
Já no início da gestação, quando os enjoos são mais frequentes, a obstetra comenta que é comum algumas terem náuseas ao fazer o sexo oral. “Depois que essa fase passa, elas normalmente conseguem voltar a fazer sexo oral normalmente”, ressalta.
Em relação ao crescimento da barriga, geralmente a mulher não consegue ficar muito tempo deitada de costas a partir das 28 semanas de gestação, quando o volume uterino é capaz de comprimir a veia cava e dificultar o retorno venoso, causando falta de ar e mal estar.
“Neste último caso, o casal tem que se adaptar e buscar outras posições, como fazer sexo de lado, em pé ou com a mulher em quatro apoios. As mulheres que gostam de sexo anal, no fim da gestação encontram mais dificuldades devido à facilidade no aparecimento de hemorroidas”, diz.
COMO SE ADAPTAR
Cada casal vai encontrar a melhor forma de se adaptar para transar durante a gestação, principalmente, quando a barriga vai ficando maior. “É preciso ter paciência, um entender o outro. É possível manter uma intimidade e transar sem que haja penetração, se a mulher está sentindo incômodo ou com alguma restrição médica que a impeça de ter uma relação com penetração”, diz. Ela explica que muitas vezes, a masturbação será solução para o casal naquele momento.
“O mais importante é um compreender o outro. O homem precisa dar atenção e perceber que a mulher está com o corpo se modificando, que pode não estar com vontade naquele dia, entender que há mulheres com contraindicação médica e que não poderão ter relação durante toda a gestação”.
A médica diz que se a mulher sentir algum desconforto ou dor na relação, fica na memória dela que doeu, que machucou e na próxima relação ela estará mais travada, mais tensa, com menos lubrificação devido ao medo de que doa novamente. “É muito importante que a mulher saiba seus limites, sinta os seus desejos para então ter relações sexuais. Algumas vão ter a mesma quantidade de relações que tinham antes de engravidar, outras mais e outras menos”.
Confira cinco perguntas e respostas sobre o sexo na gestação:
1 – O sexo é contraindicado durante a gestação?
O sexo só é contraindicado se a mulher tiver alguma ameaça de abortamento, placenta prévia, sangramento e se a bolsa estiver rota; mas são exceções e, nestes casos, o casal deve seguir orientação médica.
2 – O pênis pode machucar o bebê?
Não. A vagina tem elasticidade e essa elasticidade continua durante a gravidez. O pênis também não entra no útero. O colo do útero separa a parte interna do útero, que é onde está o bebê, da vagina. O colo faz parte da estrutura uterina, ele é grosso e não permite que o pênis machuque o bebê. Além disso, o bebê está todo envolto no líquido amniótico, que amortece os pequenos impactos. Ou seja, não há como machucar o bebê.
3 – Tem problema acontecer a ejaculação na vagina quando a mulher está grávida?
O colo do útero durante a gestação produz uma secreção que chamamos tampão mucoso. Ele protege a parte interna do útero de tudo que possa estar acontecendo na vagina. Se a bolsa não rompeu, a ejaculação dentro da vagina não terá contato com o bebê. Se a bolsa rompeu é recomendado que não haja qualquer penetração vaginal, independente de ser pênis, dedo, mesmo que com preservativo e luva, respectivamente, pois aumenta a chance de infecção dentro do útero.
4 – O sexo traz algum benefício à gestante?
Vai depender do que ela quer. Tudo que faz bem, que relaxa, que conforta, que libera os hormônios de felicidade, tudo isso faz bem à saúde da gestante, de qualquer mulher. Se a relação sexual, com penetração ou não, está fazendo bem para ela, então é importante e faz bem. Se for algo que machuque, que não esteja fazendo bem emocionalmente, então, não é legal fazer. Assim como nos casos em que haja alguma contraindicação médica.
5 – O orgasmo pode acelerar o trabalho de parto?
O orgasmo libera vários hormônios, entre eles, a ocitocina, que é o hormônio do amor e que dá o ritmo das contrações no trabalho de parto. Se o útero já está preparado para o parto, a mulher ter orgasmo pode facilitar o início do trabalho de parto. Fora que o sêmen masculino libera prostaglandina, que é um marcador para a preparação do colo do útero para o parto. Relação sexual com orgasmo feminino e ejaculação dentro da vagina, se o útero já estiver pronto, podem estimular o início do trabalho de parto.